Em busca de uma linguagem audiovisual

Após nem tão longas, mas muito merecidas férias, reiniciamos o projeto Saúde, Câmera, Ação! em março, conforme planejado junto com os alunos do Nação Periférica. Após a realização da pesquisa “Auto-representação e produção audiovisual no coletivo Nação Periférica” percebemos algumas demandas e alg umas formas de abordar a questão do audiovisual no projeto.

É válido lembrar que o primeiro momento do Saúde, Câmera, Ação! foi marcado pelas oficinas de sensibilização de Luciane Pinheiro Jardim, pedagoga, mestranda em Sociologia pela Unisinos, sócia-fundadora da Educativa. Os temas trabalhados são de referência dentro da missão da instituição: violências, saúde sexual e reprodutiva, planejamento familiar, doenças sexualmente transmissíveis (DST), AIDS/HIV, uso/abuso de drogas, direitos humanos e cidadania. Paralelo as oficinas de Lu, que sempre são elaboradas a partir dos conceitos de educação popular, com ampla participação dos sujeitos envolvidos em dinâmicas de teatro, dança, música, arte e muita criação, Felipe trabalhou conteúdos audiovisuais através de sua pesquisa de Mestrado, com os mesmos alunos: Amanda, Natália, Haudri, Carina, Willian, Jordi, Suzi, Lilian, Larissa, Patrícia, Léo e Igor, principalmente.

Turma do audiovisual

Relato de Felipe Gue Martini: Foi no percurso da pesquisa que, quase por acaso, estreitei contato com o professor e pesquisador Tiago Lopes e, posteriormente, com Lenara Verle. Conversando sobre minhas incursões em Alvorada, Tiago descreveu suas experiências com o projeto chamado Cidade Transmídia e algumas questões sobre a produção do audiovisual de forma não-convencional e participativa. De certa forma, tais entradas conversaram muito com os pontos de partida e de chegada de nossa pesquisa em Alvorada, a necessidade de mexer com estruturas e hierarquias dentro do coletivo, a busca pela elaboração de roteiros e personagens fugindo de uma rigidez conceitual, onde fosse possível construir e desconstruir as percepções sobre nossas realidades a partir dos temas propostos.

Logo, tratei de convidar Tiago para integrar o grupo de pesquisa e produção audiovisual do projeto Saúde, Câmera, Ação! Ele, por sua vez, trouxe a colega, Lenara Verle, para conceber uma oficina aberta, experimental, tentativa, onde o objetivo é desenvolver abordagens colaborativas de produção audiovisual com os alunos, através de um debate sobre suas realidades e temas de interesse. Criando e recriando a partir daí, narrativas audiovisuais.

Dentro da pesquisa do Mestrado, também chegamos a uma questão muito significativa. A necessidade e o desejo (digamos assim) nos sujeitos de encenar, de atuar como personagens de suas histórias. Essa relação com a arte dramática foi muito perceptível ao longo das entradas da pesquisa, onde tivemos desejos manifestos de criar audiovisuais com dramatizações de histórias reais, ou esquetes onde os personagens viveriam a vida dos colegas por alguns momentos. “Viver a vida do outro como uma forma de compreender suas realidades”, essa foi uma síntese exposta por Lilian, Willian, Amanda e Jordi. Nesse caminho, decidimos potencializar tal condição, convidando a atriz e psicóloga Lívia Dávalos a integrar nossas oficinas de audiovisual. Como especialista na área, ela irá conduzir jogos, exercícios, encenações, bem como aprimorar as realizações naquilo que concerne aos conteúdos propriamente dramáticos.

Como este relato bem ilustra, nosso processo é aberto, evolui conforme o tempo e o movimento de nosso coletivo (também em transformação), tentando capturar ações, de certa forma, espontâneas, fugindo da formalidade na direção de um aprendizado coletivo multidirecional e polifônico. Foi essa a abordagem na pesquisa do Mestrado, que em breve estará disponível para consulta na biblioteca da Unisinos (realizamos a defesa no dia 04/04/2011, com plena aprovação através de grau máximo e sugestão de publicação), e segue sendo nossa perspectiva nas buscas acordadas neste projeto. É importante ressaltar que trata-se de uma ação sociocultural promovida pela Ong Educativa, de Alvorada, em parceria com o coletivo Nação Periférica, com a TV Unisinos, com a Fundação Luterana de Diaconia, com a Escola Capitão Gentil Machado de Godoy e, agora, com o grupo Cidade Transmídia, representado por Tiago Lopes e Lenara Verle. Nos próximos posts, relatamos o processo desenvolvido na forma de oficinas de criação e produção audiovisual, como forma de registrar as intervenções, torná-las públicas, permitir consultas, comentários e aprimoramentos, além de descrever sua matriz metodológica nesse rastro midiático.

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