Gravações

Quinta-feira, 08 e 15 de dezembro de 2011

Realizamos as gravações dentro da Escola, um tanto no improviso, mesmo. Afinal, a ideia é essa, realizar audiovisual com o que se tem, onde se está, com base na vontade de expressar. Os grupos se dividiram com pequenas câmeras de fotografia domésticas. A captação do áudio é precária, o vídeo balança, mas os personagens estão ali. Num primeiro momento, a maioria tentou viver os personagens, atuar, mas a dificuldade foi aumentando, a medida em que precisavam interpretar mais. Depois de algumas tentativas, alguns grupos passaram a falar dessas pessoas, como se as conhecessem, fornecendo imagens diversas das mesmas pessoas.

Esse mosaico me foi entregue. Não conseguimos organizar os computadores da escola para editar os clips. Questões burocráticas e tecnológicas. De certa forma, como as narrativas foram todas muito lineares, tive o trabalho de aparar algumas arestas, inserir títulos, realizar as marcações e postar aqui no site. Seguindo a lógica descrita pelos grupos na criação.

Os desfechos acabei realizando em conjunto com a turma da oitava série. Pensamos em estabelecer as lógicas que os alunos propuseram na sala, mas que não conseguiram realizar plenamente na prática. Embora seja uma sugestão de sentido fechado, são aberturas, já que soam um tanto aéreas em meio a tantos personagens e visões. 

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* fotos Deise Chagas

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Personagens

Quinta-feira, 01 de dezembro de 2011

O crew do Guilherme e companhia

Após os relatos, criamos personagens que tem relação com as histórias. Dividimos a turma em grupos de aproximadamente CINCO alunos e eles tratam de criar os personagens que participaram dos relatos feitos na semana anterior. Nós recolocamos para eles as histórias, os conflitos expostos, para instigar a criatividade e para que eles visualizem aquilo que trouxeram anteriormente. Na hora de criar o personagem, como ponto de partida, seguimos um roteiro:

  1. A partir das histórias (re)criar personagens e atentar para detalhes.
  2. Nome, idade, estado civil, profissão, detalhes da personalidade
  3. Em seguida, responder as perguntas:
  4. O que faz de manhã?
  5. Quem é seu melhor amigo?
  6. Que faz em seu tempo livre?
  7. O que gostaria de fazer em 2020?
  8. Qual seu maior segredo?
  9. Como se chama e como gosta de ser chamado?
  10. Como se parece?
  11. Sabe o que são DST/AIDS?
  12. Já sofreu alguma violência?
  13. Como planeja sua família?

Grupos de trabalho

E nossos personagens ficaram assim:

FERNANDA, Nanda. Estuda Direito, vive com a irmã e é muito amiga do Felipe. Pratica tênis, quer ser tenista profissional. Uma vez tentaram sequestrá-la, junto da irmã,  a partir de um encontro pela internet. É frágil, ingênua, morena dos cabelos lisos escuros, olhos verdes, magra, curte sair com sua irmã mais velha. Sabe o que são DST/AIDS, pois tem aulas no colégio sobre prevenção. Nunca sofreu violência, mas quase quando foi ao encontro. Ainda não planejou sua família.

CAMILA, 22 anos, solteira, profissional do sexo. Alta, loira, magra, atraente, olhos azuis, sem filhos. Dorme de manhã.  Sua melhor amiga é a Michele (outra profissional do sexo). Compra coisas eróticas. Em 2020, se estiver viva quer se tornar a maior profissional do sexo. Já abortou um filho. Seu nome de guerra é Samanta. É o estereótipo de prostituta. Sabe sobre AIDS e não se importa. Já sofreu violência de um cliente com 16 anos. Quer ser rica, sem pensar em família.

GUSTAVO, 15 anos, solteiro, estudante, pele clara, olhos verdes, cabelos castanhos, altura 1,65m, peso 60 kg. Estuda de manhã, o melhor amigo é Bili. Gosta de futebol, internet e faz cursos. Quer se formar logo, mas tem um segredo, é drogado. Seu apelido é Tavinho, um adolescente normal. Já apanhou de seu pai. Quer ser feliz.

PEDRO, 16 anos, solteiro. Vai para a escola de manhã. Seu melhor amigo é Dedé, Nariz. Joga futebol, quer jogar na Seleção Brasileira. Tem medo de conversar com meninas, gostaria de se chamar Juarez. É alto, cabelo escuro e olhos verdes. Sabe o que é AIDS, já sofreu violência. Quer uma família muito rica e com dois filhos.

Revisando o texto do personagem

LUIS HENRIQUE, 43 anos, divorciado, advogado.  Trabalha de manhã, é amigo de Alberto, o professor. Vai ao parque, quer virar advogado criminalista. Já foi cúmplice de um assalto. O dr. Luis Henrique, queria ser chamado de Rick. Altura 1,82, calça 43, É moreno, olhos verdes, físico esportivo. Foi agredido por um traficante que ele prendeu. Gostaria de ver sua família unida de novo.

MANUELA, Manu.15 anos, solteira, estudante, personalidade frágil. Estuda de manhã e a tarde faz cursos. Quer ser bem-sucedida e profissional qualificada. Tem medo de se apaixonar de verdade e se decepcionar. Alta, olhos puxados, lábios carnudos, sensual. Conhece DST/AIDS, nunca sofreu violência.  Planeja sua família com disciplina e organizada.

GUILHERME, Patrão. 24 anos, divorciado, 1,70m, 60kg, muito violento, já foi preso 03 vezes. Passeia de manhã com seu melhor amigo, um cachorro pitbull. Marca encontro com meninas, quer ser milionário. É bandido. Branco, nunca sofreu violência, conhece AIDS, odeia crianças, ele é mal.

BIANCA, Bárbara. 15 anos, solteira, estudante. Estuda de manhã. Amiga de Carol. No tempo livre fica na rua, nas esquinas usando drogas. Mas quer ficar livre das drogas, ter uma família. Usa droga escondida dos pais. Loira, olhos castanhos, pele bronzeada, alta, magra. Sabe o que é AIDS, mas nem por isso se previne. Já sofreu violência física do namorado. Planeja sua família sem violência, sem drogas, uma família normal.

Os alunos levam a sério a criação dos tipos

FELIPE, Beti. 17 anos, solteiro, prostituição. Dorme de manhã, melhor amigo da Cleide. Sai com os amigos, quer trocar de sexo. Seu maior segredo é que não se assume homossexual. É feliz e gostosa. Sabe o que é AIDS e já sofreu várias violências. Quer adotar um filho, casar e morar em Nova York

ALBERTO, Beto. 43 anos, casado, professor. Dorme de manhã porque trabalha de noite. Seu melhor amigo é Giovani. Toma chimarrão. Em 2020 quer estar vivo e aposentado. Não é um professor formado. É narigudo, usa óculos, velho e chato Sabe o que é AIDS. Já sofreu violência, bullyng na escola. Quer morar em Nova York.

DROGBA, Bruno. separado, estudante. Melhor amigo é seu irmão Diogo. Joga futebol, quer ser um jogador de futebol. Fuma maconha. Parece o Diego Maurício, jogador do Flamengo. Conhece bem DST/AIDS, pois sua a namorada tem, mas se separaram. Já brigou na escola. Quer dois filhos e duas mulheres lindas e gostosas, mas tem que ser bem linda!

* fotos de Deise Chagas

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Relatos Locais II

Quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Após as apresentações realizamos uma sensibilização com a turma. Retomamos os temas trabalhados nas oficinas de Saúde Sexual, nos apresentamos, falamos de nossas vidas. O processo com as turmas fechadas foi bem corrido. Um período de 45 minutos por semana para colocar em prática o plano de realizar audiovisuais que abordem de forma problemática Saúde Sexual, drogadição, violência, enfim… Nesse dia, eu (Felipe), Lívia e Lu, tratamos de elencar os temas de interesse e os chamados Relatos Locais. Histórias vividas pelos alunos, de fato ou no imaginário mesmo, que pudessem ser traduzidas depois em personagens e ações fílmicas. Trabalhamos com duas turmas de sétima série, a 71 e a 72. Destacamos nas fotos sobre o que eles propuseram falar.

 

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Reinício com as turmas da escola

Quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Retomamos o projeto com duas turmas de 7ª série da escola Gentil. Turmas estas que já vinham desenvolvendo oficinas de Educação Sexual e Saúde Reprodutiva com a Lu Jardim, dentro de um projeto chamado Adolescer. De certa forma, as oficinas seguem a mesma lógica das propostas dentro de projetos de ação e intervenção social da Educativa. Assim, pudemos “adaptar” o projeto a esse novo grupo sem grande prejuízo para a proposta inicial, que seria a utilização do audiovisual como ferramenta de reflexão coletiva dentro dos temas de prevenção.

Image

Uma nova etapa surgiu a partir desse encontro, onde fui (Felipe) apresentado a turma pela Lu e explanei a todos os objetivos do projeto, de trazer o audiovisual para dentro das oficinas em realização. Cheguei sozinho nesse primeiro momento, mas já expus a todos que nas outras quintas-feiras traria companhia. Lívia Dávalos, atriz e psicóloga e Deise Chagas, estagiária e minha aluna na faculdade Cenecista de Bento Gonçalves, integrariam o time para dar um reforço no momento da realização dos audiovisuais.

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Oficinas e documentário

O projeto Saúde, Câmera, Ação! também prevê um registro documental das ações desenvolvidas. Assim, desde a metade de 2011 estamos captando imagens, realizando entrevistas, colhendo material para a montagem de um mini-documentário. Abaixo algumas fotos destes processos. As fotos são de Deise Chagas.

Gravação

Meninas em ação na escola Gentil

Rogério Rodrigues em ação

Rogério: operador de câmera

oficina

Felipe em oficina de audiovisual

Entrevista com diretora Carla

Em ação: entrevista com a diretora Carla

Sétima

Gurizada criando um personagem

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Prólogo (parte 2)

Depois de longo período de reformulação e retomada dos trabalhos, segue uma atualização quentinha (+ de 40 graus!)

Por conta de baixa adesão dos membros dos Nação Periférica as oficinas do projeto decidimos abrir aos alunos da escola a oportunidade de participar das atividades. Assim, em conversas com Lu Jardim e a diretora da escola, Carla, chegamos até as turmas da 7ª e 8ª séries para dar sequência aos objetivos do Saúde, Câmera, Ação!. Alunos com maturidade para trabalhar os temas da forma como planejamos com o Nação Periférica e que já vinham trabalhando tais conteúdos através do projeto da Prefeitura Municipal, Adolescer, onde Lu Jardim ministra oficinas (nessas mesmas turmas da escola). Aproveitamos, então, o trabalho da Lu já em realização na escola e nos aproximamos das turmas para propor as atividades com o audiovisual no final do semestre, quando já teriam trabalhado os temas transversais (Saúde, prevenção, drogas, violência).

Nesse meio tempo, tivemos que adaptar a quantidade e o tempo de duração das oficinas propostas para o Saúde, Câmera, Ação!. Dentro do projeto Adolescer, as intervenções de Lu tinham o tempo determinado de 01 período de 45 minutos; nosso novo tempo disponível por atividade diária. A princípio esse novo desafio nos pareceu complicado, já que nossas abordagens anteriores (inclusive as realizadas com o Nação Periférica) sempre superavam as 02 horas.

Novas turmas e temas em 2011

As atividades mais pulverizadas, com maior número de alunos e com esse prazo apertado (45 minutos passa muito rápido), nos possibilitaram novos aprendizados e adequações de nossas propostas metodológicas aos períodos comuns das salas de aula. Essa mudança nos levou a reformular o método, dividindo as oficinas originais em novos momentos, muito mais pontuais e específicos. A nova proposta passou então, a ser adaptável em diferentes contextos escolares, seja em atividades transversais, em períodos de religião ou inglês, para trabalhar os temas transversais (prevenção a AIDS e cultura afrobrasileira, por exemplo), ou até mesmo em disciplinas comuns, agenciando de forma participativa temas das matrizes curriculares, como história, geografia, literatura, entre outras. Descrevemos nesse blog, a partir desse prólogo, passo a passo, aula a aula nossas táticas de problematização e criação audiovisual. Elas partiram de um estudo anterior junto de alunos do Nação Periférica e da pesquisa de Mestrado “Auto-representação e produção audiovisual no coletivo Nação Periférica”, disponível para consulta na biblioteca da Unisinos. As intervenções tem como ponto de partida os seguintes temas: educação sexual, planejamento familiar, prevenção as dst’s e AIDS e prevenção ao abuso de drogas e violências; e foram realizadas com alunos das turmas de 7ª e 8ª séries da escola Capitão Gentil Machado de Godoy (ano 2011), situada no bairro Tijuca, em Alvorada, mediante livre adesão e consentimento dos pais e professores.

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Relatos locais

O processo de nossas oficinas de audiovisual segue, de certa forma, uma lógica temporal. Embora os relatos aqui expostos remetam a um passado já distante. Visamos aproveitar o espaço “público” do blog para descrever, ler, acompanhar nosso próprios passos.

No OFICINA do dia 26/03/2011 nos reunimos pela primeira vez para dar início a uma proposta de criação participativa de roteiro e audiovisual. Visitamos a Escola Gentil de Godoy, eu (Felipe Gue Martini), Tiago Lopes, Lenara Verle e Lívia Dávalos. Num primeiro momento, retomamos os temas das oficinas de Luciane Jardim e em seguida passamos a criar coletivamente, utilizando o quadro negro e a voz, personagens e cenários capazes de abranger, integrar ou dialogar com tais temas.

Lenara debate o formato da oficina

TEMAS

  • Gravidez
  • Drogas
  • Agressão (violência) doméstica
  • DST’s e AIDS
  • Poluição ambiental
  • Falta de opções culturais
  • Opção sexual
  • Preconceito

RELATOS LOCAIS

“16 anos, 1 filha, pai era drogado, começa a estudar pedagogia. Mãe abandona a família, engravida novamente, demora para descobrir (5 meses), tem dificuldade em se manter. Vó quer pegar a guarda da filha mais velha e acusa pai da mais nova de abuso sexual. Aos 13 anos namora o pai da 1ª filha, então com 20 anos, que negava paternidade, ameaçou fisicamente e agredia ela, tinha armas e fez a filha posar para fotos segurando armas e postou as fotos no orkut.”

“Irmão usuário de crack. Rouba, dorme na rua, mãe tentou matar ele, depois internou em uma clínica. Ele entrou para uma igreja, mas voltou para as drogas, logo que chegou da clínica. Irmã e família vivem com medo dos traficantes para quem o irmão deve dinheiro. Recentemente foi pego dirigindo sem carteira e drogado.”

“Única praça no centro de Alvorada a 48 tem uma pista de skate. Lá, um velho tarado seguiu uma menina. Crianças tentando andar de balanço e jovens fumando maconha. As vezes tem show e brigas. O ex-namorado de uma amiga, deu um soco na menina que estava com outro e Wilian e outros tentaram defendê-la, mas acabaram tendo que ir embora. Num show de pagode, cancelaram a apresentação, pois haviam matado alguém atrás do palco.”

“Vocês ficaram com putos, que nojo! Foi a reação de meninos do projeto quando as amigas ficaram com menino bissexual. Ele namorava um guri e uma loira ao mesmo tempo.”

“Umbanda, batuque é religião do diabo. Quem toca percussão faz batuque!”

“Alvorada = violência. O preconceito das pessoas de outras cidades.”

“O tio de uma das meninas tem 25 anos, é sustentado pelos pais, usa a casinha onde mora para transar com gurias. Não é muito exigente, pegou gonorréia e ganhou vários apelidos”.

“Um amigo do bairro. Quando descobriram que ele tinha Aids os amigos se afastaram dele. Isso não é certo”.

“Tio bebia e batia na mulher. A sogra denunciou e ele foi preso. Ela casou de novo e num dia, o marido e o ex bateram na mulher juntos.”

Turma do encontro de 26/03

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Em busca de uma linguagem audiovisual

Após nem tão longas, mas muito merecidas férias, reiniciamos o projeto Saúde, Câmera, Ação! em março, conforme planejado junto com os alunos do Nação Periférica. Após a realização da pesquisa “Auto-representação e produção audiovisual no coletivo Nação Periférica” percebemos algumas demandas e alg umas formas de abordar a questão do audiovisual no projeto.

É válido lembrar que o primeiro momento do Saúde, Câmera, Ação! foi marcado pelas oficinas de sensibilização de Luciane Pinheiro Jardim, pedagoga, mestranda em Sociologia pela Unisinos, sócia-fundadora da Educativa. Os temas trabalhados são de referência dentro da missão da instituição: violências, saúde sexual e reprodutiva, planejamento familiar, doenças sexualmente transmissíveis (DST), AIDS/HIV, uso/abuso de drogas, direitos humanos e cidadania. Paralelo as oficinas de Lu, que sempre são elaboradas a partir dos conceitos de educação popular, com ampla participação dos sujeitos envolvidos em dinâmicas de teatro, dança, música, arte e muita criação, Felipe trabalhou conteúdos audiovisuais através de sua pesquisa de Mestrado, com os mesmos alunos: Amanda, Natália, Haudri, Carina, Willian, Jordi, Suzi, Lilian, Larissa, Patrícia, Léo e Igor, principalmente.

Turma do audiovisual

Relato de Felipe Gue Martini: Foi no percurso da pesquisa que, quase por acaso, estreitei contato com o professor e pesquisador Tiago Lopes e, posteriormente, com Lenara Verle. Conversando sobre minhas incursões em Alvorada, Tiago descreveu suas experiências com o projeto chamado Cidade Transmídia e algumas questões sobre a produção do audiovisual de forma não-convencional e participativa. De certa forma, tais entradas conversaram muito com os pontos de partida e de chegada de nossa pesquisa em Alvorada, a necessidade de mexer com estruturas e hierarquias dentro do coletivo, a busca pela elaboração de roteiros e personagens fugindo de uma rigidez conceitual, onde fosse possível construir e desconstruir as percepções sobre nossas realidades a partir dos temas propostos.

Logo, tratei de convidar Tiago para integrar o grupo de pesquisa e produção audiovisual do projeto Saúde, Câmera, Ação! Ele, por sua vez, trouxe a colega, Lenara Verle, para conceber uma oficina aberta, experimental, tentativa, onde o objetivo é desenvolver abordagens colaborativas de produção audiovisual com os alunos, através de um debate sobre suas realidades e temas de interesse. Criando e recriando a partir daí, narrativas audiovisuais.

Dentro da pesquisa do Mestrado, também chegamos a uma questão muito significativa. A necessidade e o desejo (digamos assim) nos sujeitos de encenar, de atuar como personagens de suas histórias. Essa relação com a arte dramática foi muito perceptível ao longo das entradas da pesquisa, onde tivemos desejos manifestos de criar audiovisuais com dramatizações de histórias reais, ou esquetes onde os personagens viveriam a vida dos colegas por alguns momentos. “Viver a vida do outro como uma forma de compreender suas realidades”, essa foi uma síntese exposta por Lilian, Willian, Amanda e Jordi. Nesse caminho, decidimos potencializar tal condição, convidando a atriz e psicóloga Lívia Dávalos a integrar nossas oficinas de audiovisual. Como especialista na área, ela irá conduzir jogos, exercícios, encenações, bem como aprimorar as realizações naquilo que concerne aos conteúdos propriamente dramáticos.

Como este relato bem ilustra, nosso processo é aberto, evolui conforme o tempo e o movimento de nosso coletivo (também em transformação), tentando capturar ações, de certa forma, espontâneas, fugindo da formalidade na direção de um aprendizado coletivo multidirecional e polifônico. Foi essa a abordagem na pesquisa do Mestrado, que em breve estará disponível para consulta na biblioteca da Unisinos (realizamos a defesa no dia 04/04/2011, com plena aprovação através de grau máximo e sugestão de publicação), e segue sendo nossa perspectiva nas buscas acordadas neste projeto. É importante ressaltar que trata-se de uma ação sociocultural promovida pela Ong Educativa, de Alvorada, em parceria com o coletivo Nação Periférica, com a TV Unisinos, com a Fundação Luterana de Diaconia, com a Escola Capitão Gentil Machado de Godoy e, agora, com o grupo Cidade Transmídia, representado por Tiago Lopes e Lenara Verle. Nos próximos posts, relatamos o processo desenvolvido na forma de oficinas de criação e produção audiovisual, como forma de registrar as intervenções, torná-las públicas, permitir consultas, comentários e aprimoramentos, além de descrever sua matriz metodológica nesse rastro midiático.

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O projeto

Audiovisual e saúde. São nossos caminhos…

"oficina de criação de personagens" Saúde, Câmera, Ação! é um projeto de intervenção sociocultural realizado em Alvorada, Rio Grande do Sul. É uma parceria entre a Ong Educativa e a Fundação Luterana de Diaconia, com apoio da Escola Capitão Gentil Machado de Godoy e TV Unisinos. A proposta parte de uma pesquisa experimental que visa combinar a produção de conhecimento sobre audiovisuais e saúde, de alguma forma, integrados, numa espécie de diálogo a ser inventado, descoberto em processo. Para isso, viemos realizando oficinas ao longo do ano de 2010 e 2011, onde conversamos com adolescentes do projeto Nação Periférica e outros convidados da comunidade do entorno da escola (situada no bairro Tijuca) sobre temas específicos (educação e saúde sexual, DST/AIDS, direitos humanos, violências e drogadição) e, transversalmente, refletindo e produzindo experiências audiovisuais.

Um resultado prévio da experiência foi a produção da dissertação de Mestrado “Auto-representação e produção audiovisual no coletivo Nação Periférica”, defendida em abril de 2011 no Programa de Pós-graduação em Comunicação da Unisinos (São Leopoldo/RS), de autoria (titular) de Felipe Gue Martini. (Um fragmento não incluído na dissertação, mas parte da pesquisa está publicado na revista Cambiassu, da Universidade Federal do Maranhão, o texto completo estará disponível em breve). Nesta pesquisa foram articulados os primeiros movimentos audiovisuais com os mesmos alunos integrantes do projeto Saúde, Câmera, Ação! O desdobramento na forma de intervenção (aproveitando potências e caminhos anteriores do percurso acadêmico) vem sendo esboçado lentamente em encontros periódicos na escola. Agregamos novos atores e estamos a procura de formas, convenções e novos diálogos a partir do traçado anterior. Este blog é o registro desta busca tentativa; nele combinamos relatos de campo, avanços, reflexões e análises sobre os processos, com o objetivo de produzir conhecimento a partir da escrita e leitura dos seus percursos.

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